Cíngulo
História
O cíngulo, como a dalmática, foi uma
veste de origem romana que se anexou aos paramentos litúrgicos e recebeu da
tradição da Igreja um significado cristão. A primeira menção do cíngulo é uma
carta do papa Celestino aos bispos de bispos de Viena e Narbone, na Gália no
século V. A forma do cíngulo, desde a antiguidade até parte da Idade Média, era
de uma estreita faixa com 6 ou 7 centímetros de largura. Era comumente de linho
e, por vezes, bordado. O formato de cordão só se popularizou depois do século
XV e hoje é o dominante.
Forma e Cores
O cíngulo contra, na atualidade, de
um cordão de cerca de 4 metros com dois pompons nas pontas com franjas. O
cíngulo segue a cor do tempo, podendo ser branco, roxo, rosa, preto, vermelho,
verde ou de cor festiva (dourado). Entretanto, como os demais paramentos usa-se
o branco na falta da cor específica.
Em relação à ornamentação, a
princípio era simples, posteriormente passou a constar de ricos brocados com
ouro e pedras preciosas, principalmente durante a Idade Média. Na atualidade,
recuperou parte de sua simplicidade inicial. O cíngulo possui decoração austera
que pode constar de fios dourados ou prateados unidos à cor do cíngulo, sem
pedras ou ornamentos maiores.
Quem usa e como usa
Usam o cíngulo todos os ministros que
portam a alva. Nesses se incluem os acólitos, os leitores instituídos e todos
os clérigos. O cíngulo é posto sempre sobre a alva, amarrado a cintura. Se se
usa estola, esta fica, tradicionalmente, presa ao cíngulo. Não se usa cíngulo
quando não se veste alva; assim, não se usa cíngulo com vestes corais, com
batina e sobrepeliz, etc.
Oração e significado
Para se vestir o cíngulo, o rito
extraordinário prevê que o sacerdote reze a seguinte fórmula:
"Praecinge me, Domine, cingulo puritatis, et exstingue in lumbis
meis humorem libidinis; ut maneat in me virtus continentiae et
castitatis."
"Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza, e extingui nos meus
rins o fogo da paixão, para que resida em mim a virtude da continência e da
castidade."
Tal uso, louvavelmente, pode
manter-se no rito novo, uma vez que essa oração resume de maneira piedosa o
significado deste paramento.O cíngulo lembra o antigo gesto de amarrar a veste
à cintura para melhor trabalhar, daí a citação dos rins, região onde é amarrado
para facilitar a labuta. Essa comparação fez o cíngulo se proliferar entre os
monges.
Pode-se estabelecer uma relação ainda
com a escritura do Antigo Testamento, na qual Deus ordena que os Hebreus comam
a Páscoa cingidos (cíngulo) e com o manto (casula). Entretanto a relação que a
tradição cristã mais bem aplicou ao cíngulo foi a sua relação com a castidade e
a pureza de espírito, como ressalta a oração.
Fotos do Uso do cíngulo
É um pouco trabalhoso encontrar
imagens que mostrem o uso do cíngulo, uma vez que este paramento é usado sob a
casula e, no caso dos bispos, sob a dalmática pontifical. As imagens mostradas
são do uso com casula romana, apenas por uma questão de facilidade na
visualização.
Amito
História
A origem do amito não está num
parecido paramento romano que eles usavam junto ao pescoço, mas sim de um véu
branco de forma retangular usado inicialmente pelos monges do Egito. Com o nome
de “anagolaium” é mencionado no século IX em Roma; dois séculos mais tarde
recebe o nome de humeral na região germânica.
Como “amictus” é mencionado pela
primeira vez no Ordo Romanas como paramento exclusivo do pontífice, dos
diáconos e subdiáconos de Roma que o vestiam sobre a alva. A princípio o amito
foi exclusivamente romano; apenas passado muito depois depois de sua introdução
em Roma que este paramento migrou para fora da península itálica. Com essa
disseminação, ele sofreu uma modificação em sua forma de uso: passou a ser
usado por baixo da alva.
Forma
O amito consta, atualmente, de um
pequeno paramento de tecido branco, geralmente quadrado ou retangular. Pode ser
decorado com uma pequena cruz, ou com outro ornamento, entretanto não deve ser
muito pomposo. Possui ainda tiras para ser preso ao corpo. Essas tiras podem
ser brancas ou, na liturgia pontifical, vermelhas.
Quem usa e como usa
Todos os que usam alva usam também o
amito. Na forma extraordinária só faz uso do amito clérigos superiores ou
pertencentes à ordem do subdiaconato. Na forma ordinária, até mesmo leigos que
acolitam o podem usar se portarem alva. Entretanto, é mais coerente com a
tradição que os ministros leigos usem batina e sobrepeliz; e a alva com cingulo
e amito se reserve aos clérigos.
Veste-se da seguinte forma: quando se
usa a batina, ele vai por dentro do colarinho, para que fique bem preso; dá uma
volta no corpo com as tiras e amarra-se no peito. Existem dois tipos de uso do
amito:
·
Uso com Alva:
Uso mais comum do
amito, presente em ambas as formas do rito romano. Usa-se amito sobre o hábito
talar (ou veste civil) e sobre ele põe-se a alva. Sobre ela cada ministro veste
os paramentos de acordo com a função na celebração. Em se tratando do bispo ele
pode vestir o amito sobre batina e roquete, não porém sobre batina e
sobrepeliz.
·
Uso sem alva:
Exclusivo da forma extraordinária do
rito romano, o uso do amito sem alva se dá com os diáconos assistentes e
presbítero assistente. Os diáconos assistentes usam hábito talar, sobrepeliz,
amito e dalmática. O presbítero assistente veste-se como os diáconos
assistentes, trocando apenas a dalmática pelo pluvial.
Uso do Amito sobre a cabeça
Os Franciscanos, Dominicanos e até
algumas famílias Beneditinas usam, ao celebrar, o amito sobre a cabeça. Esse
uso é permitido aos integrantes destas Ordens em ambas as formas do rito romano
e nas solenidades especialmente.
.
Fanon
Em conservação do antigo uso do amito
como paramento papal surgiu o fanon. Este, uma espécie de amito redondo e
ornado ornado com listras vermelhas, é usado sobre a casula e sob o pálio,
exclusivamente pelo papa. Encontra-se em desuso, todavia não foi abolido.
Oração e significado
Ao vestir o amito diz-se:
"Impone, Domine, capiti meo galeam salutis, ad expugnandos
diabolicos incursus."
"Colocai, Senhor, na minha cabeça o elmo da salvação para que possa
repelir os golpes de Satanás."
Esta relação do amito com o elmo
surgiu no uso monástico de usar o amito sobre a cabeça. Em continuação à pureza
que a alva evoca, o amito tem seu significado relacionado à superação das
tentações, mais precisamente conseguir esquivar-se das tentações que impedem o
sacerdote de ser puro.
Conclusão
Cíngulo e Amito são pequenos
paramentos que se unem a alva. Assim como essa, possuem um significado que
remete às atitudes daqueles que os portam. Segundo dizem as orações, aqueles
que usam tais vestes devem ser repletos de pureza, penitência e especial zelo
para ser menos indigno de celebrar os santos mistérios.
Assim, é importante que se preserve o
uso de ambos, bem como suas orações, para que os ministros do altar não se
esqueçam que sua vida espiritual se une diretamente ao que celebram. Não se
trata de dar atenção a detalhes de menor importancia dentro da liturgia,
trata-se de preservar a riqueza construida nos séculos passados e fazer que se
mantenha presente os elementos e os significados que nos ajudam a entender
melhor o Santo Sacrifício que é o centro da liturgia católica.
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