Liturgia- Parte 6
Neste novo artigo sobre a liturgia da Santa Missa, vamos nos deter
na Oração Eucarística, também chamada de Anáfora. É a parte mais importante de
toda a celebração. Eis algumas observações:
2. Quanto à Oração Eucarística, deve-se ter cuidado na escolha. É
sempre preferível utilizar uma das quatro, aprovadas para toda a Igreja. O
prefácio da Oração IV não pode ser substituído por um outro. A Oração V é
tipicamente brasileira. Aos domingos dever-se-ia utilizar sempre uma das quatro
principais. Nas grandes solenidades o ideal é utilizar a Oração Eucarística I,
também conhecida como Cânon Romano. As orações eucarísticas “para diversas
circunstâncias” somente devem ser usadas em circunstâncias especiais, nunca aos
domingos nem nas missas ordinárias. O que se faz atualmente – inclusive os
venenosos jornaizinhos – é um abuso e um erro.
3. O celebrante não pode mudar nada na Oração Eucarística. É
absolutamente proibido!
5. Deve ser bem realçado o rito de impor as mãos sobre as ofertas,
pedindo ao Pai que derrame sobre elas o Espírito Santo do Senhor Jesus. É na
força do Santo Espírito e no pronunciar as santas palavras do Senhor Jesus,
cheias do Espírito Santo, que se dá a Consagração.
6. O padre deve ter o maior cuidado de, na hora da Consagração,
não estar narrando a Última Ceia para o povo! É um erro gravíssimo! É não ter
compreendido nada da dinâmica da Missa! A narração que o padre faz (“Na noite
em que ia ser entregue...”) é ao Pai! É a Igreja toda que, pela voz do
celebrante, faz memória ao Pai e diante do Pai de tudo quanto o Senhor Jesus
fez pela nossa salvação!
7. Também é um gravíssimo erro quebrar a hóstia logo na hora da
Consagração: “Ele tomou o pão, deu graças e partiu”... Aqui não se parte a
hóstia! Ela será partida no momento do Cordeiro! É preciso compreender que a
estrutura da Missa segue os quatro gestos de Jesus: ele tomou o pão e o vinho
(Apresentação das Ofertas), deu graças (Oração Eucarística), partiu (no momento
do Cordeiro) e o deu aos seus discípulos (Comunhão). Partir o pão na hora da
Consagração avacalha a espinha dorsal da celebração numa clara e triste
demonstração de desobediência à Igreja e ignorância litúrgica!
8. Outro erro muito comum e muito feio é a mania de ler intenções
da Missa durante a Oração Eucarística. Quebra-se totalmente a dinâmica da
oração ao Pai... É como meter um monte de avisos e informações para a
assembléia bem no meio da Oração! Seria possível dizer neste momento o nome do
morto por quem se está celebrando se fosse um ou dois mortos apenas... Mas, no
Brasil, são muitas intenções numa Missa só! Então, o momento de dizer as
intenções é no início da Missa, antes da entrada do celebrante ou logo após o
“Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo” ou, ainda e melhor que
todas as opções, ao final da Oração dos Fiéis. Pode um leitor ou o próprio
padre dizer mais ou menos assim: “Pelas intenções pelas quais é oferecida esta
santa Eucaristia...” E aí se colocam as intenções, começando pelos vivos e
terminando pelos mortos... Depois, como nas outras preces, diz-se o “Rezemos ao
Senhor”... Na Oração Eucarística não se lê mais intenção alguma!
9. Lembrem-se todos que as respostas dentro das Orações
Eucarísticas são facultativas...
10. Importante: o “Por Cristo...” é dito somente pelo celebrante.
Nenhum padre tem direito ou autoridade para mandar o povo rezar com ele esta
Doxologia (glorificação) final!
11. Ainda um lembrete: Na hora da Consagração todos os que tiverem
saúde nos joelhos se ajoelham, inclusive os diáconos! Esta é a norma litúrgica
da Igreja e ninguém é lícito fazer diversamente.
12. No caso de concelebração, ao erguer o Corpo e o Sangue do
Senhor no “Por Cristo...”, o celebrante principal não deve dar aos
concelebrantes outras âmbulas que estejam sobre o altar. Nesta situação, ele
eleva a patena, com a Hóstia consagrada deitada sobre ela (é absolutamente
errado levantar a patena mostrando a Hóstia ao povo. Isso se faz na elevação
após a Consagração) e dá o cálice ao diácono ou, na ausência deste, a um dos
padres concelebrantes. E pronto; as âmbulas devem ficar sobre o altar, e não
serem dadas aos demais concelebrantes!
13. É muito aconselhável que o “Por Cristo” seja sempre cantado e
o povo responda com um “Amém” também cantado!