terça-feira, 11 de setembro de 2012


Liturgia- Parte 4


Retomamos com este artigo nosso pequeno comentário sobre a liturgia da Missa. Agora, depois de termos visto os ritos iniciais, veremos a Liturgia da Palavra, que vai da primeira leitura até a oração dos fiéis. Eis as observações que gostaria de fazer:
(1) O centro da Liturgia da Palavra é o ambão. Assim como toda igreja deve ter o Altar, deve ter também o ambão. Mesmo uma capelinha modesta deve tê-lo. Onde colocá-lo? De preferência, segundo antigo costume, no lado esquerdo do Altar, o chamado lado do Evangelho na liturgia antiga. Mas, pode também ser colocado em outro lugar, desde que seja no presbitério. Deve estar num lugar bem visível e não deve ser uma simples estante móvel. Deve ser fixo e, de preferência, do mesmo material do Altar. Do ambão são proferidas somente as leituras, o salmo e o precônio pascal. Também daí pode ser feita a homilia e as intenções das orações dos fiéis. Nunca se faz o comentário ou se dá avisos do ambão: sua dignidade exige que aí suba somente quem vai proclamar a Palavra! Para comentários e avisos (e, se for o caso, para a oração dos fiéis), coloque-se uma estante simples e digna fora do presbitério.
(2) Quanto às leituras: (a) Se houver comentários antes delas (coisa totalmente desnecessária, chata, antipática e inoportuna), estes devem ser brevíssimos. (b) O comentarista nunca pode dizer qual o livro que será lido e muito menos dizer capítulo e versículo. (c) É o leitor quem anuncia: “Leitura do... leitura da...”, conforme está no Lecionário, sem inventar moda. (d) Nunca se faz a leitura pelo jornalzinho ou pela liturgia diária! A dignidade da Palavra de Deus e o respeito profundo que se lhe deve ter exigem que esta seja proclamada do Lecionário. Também é absolutamente errado fazer a leitura pela bíblia. Não somente é errado como é também proibido. Só as Conferências Episcopais podem fazer adaptações relativas aos textos proclamados na Missa e, assim mesmo, respeitando o princípio de que os textos sejam escolhidos do Lecionário devidamente aprovado (cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, 362). Então, se numa missa especial deseja-se escolher uma leitura diferente, pode-se fazê-lo, desde que ela seja escolhida dentre as que existem no Lecionário. Nada de tomar diretamente da Bíblia! A regra é clara e sem exceção: a Palavra de Deus, na Santa Missa, é sempre proclamada do Lecionário. (e) Não é conforme à tradição litúrgica da Igreja latina fazer procissão com a Bíblia! Isso nunca existiu na Igreja. A única procissão com a Palavra de Deus que é liturgicamente correta é o diácono ou um leitor entrar na procissão de entrada com o Evangeliário (O Livro dos Santos Evangelhos), que simboliza o próprio Cristo, presente em sua Palavra. Não se entra com o Lecionário em procissão! São abusos, ritos artificialmente inventados que não têm nenhum respaldo na tradição milenar da Igreja. Nunca se deve fazer um rito porque é bonito – isto não é critério litúrgico nem é criatividade; é pura e simples mutilação e desfiguração da liturgia! (f) É proibido e, portanto, totalmente errado fazer leitura encenada. A leitura é proclamada por um só leitor. É errado e abusivo um casal fazer a mesma leitura. É um leitor só para cada leitura. Também não se pode dividir as várias partes do Evangelho entre várias pessoas. Isso somente é permitido na Semana Santa, para a proclamação da Paixão do Senhor. (g) O Salmo de meditação não pode em hipótese alguma, ser substituído por um cântico de meditação, nem mesmo que seja um cântico inspirado num salmo. Em outras palavras: deve-se cantar ou recitar o salmo como está no Lecionário! (h) Na tradição litúrgica da Igreja, proclamar as leituras não é função do presidente; assim, devem sempre os leigos proclamarem as leituras e o diácono, o Evangelho. Somente na falta deste é que o padre deve proclamá-lo. Contudo, se na assembléia não houver quem possa proclamar de modo claro e edificante, o próprio padre proclame as leituras e o Evangelho.
(3) A homilia é preferencialmente feita do ambão. Pode também ser feita da cadeira. É costume que o padre faça a homilia em pé. O Bispo pode fazê-la sentado. O tema da homilia é sempre um comentário da Palavra de Deus, colocada no hoje da nossa vida, uma explicação dos mistérios da fé cristã ou sobre o tema da festa que se está celebrando. Nunca, em hipótese alguma, a homilia pode ser usada para fins alheios à sua natureza, como fazer propaganda política, dar recados velados a pessoas da comunidade, repreender o povo, etc. A homilia é parte integrante da Liturgia da Palavra e como tal deve ser respeitada em toda a sua dignidade. A homilia somente pode ser proferida por um ministro ordenado: Bispo, padre ou diácono. Por mais ninguém! É abuso e indisciplina que religiosos que não sejam ministros ordenados façam homilia. Se for necessário, por algum motivo, que alguém diga uma palavra de edificação, deve fazê-lo após a oração após a comunhão, antes dos avisos, mas nunca no momento reservado à homilia!
(4) Quando se canta ou se recita o Credo, que se tenha o cuidado de não lhe mudar a letra que está no missal.
(5) Quanto à oração dos fiéis, pode ser apresentada pelo diácono ou por um ou mais fiéis. Pode ser feita do ambão ou da estante. Deve-se evitar deixar que se faça espontaneamente do meio do povo. Isso somente tem sentido quando a Santa Missa é celebrada com grupos pequenos. O correto é que a oração seja em forma de intenção apresentada ao povo, assim: “Por... pela.../ para que.../ rezemos ao Senhor”. Não é a melhor forma litúrgica apresentar a oração diretamente a Deus, assim: “Senhor,..... /nós vos pedimos”. Nunca se deve substituir a oração dos fiéis por uma oração recitada por todos, pela ladainha de Nossa Senhora, pela ladainha de todos os santos ou uma outra qualquer. Os jornaizinhos, às vezes fazem isso; mas, já sabemos que tais jornaizinhos não têm o mínimo respeito pelas normas litúrgicas da Igreja. Fazem como querem, como se fossem os donos da Missa!
(6) Como no Brasil toda missa tem muitas intenções, é melhor que a útlima oração seja a apresentação de tais intenções, começando pelos vivos e terminando pelos falecidos. Mas, é preciso escrever tais intenções de uma forma elegante, concisa e objetiva. Às vezes, tais intenções são apresentadas de um modo impossível!
Continuaremos.

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